Essa resenha contém spoiler para quem não leu o primeiro volume da série.
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Levanta a mão que acha que o inferno é um lugar de dor e sofrimento, onde almas são torturadas e passam à eternidade em profunda agonia, é, eu também imagino assim, mas aparentemente Alexandra Adornetto discorda. Para ela, no inferno você vai ficar hospedado em um hotel cinco estrelas, recebendo café na cama e indo a jantares em uma limusine cor-de-rosa, sim, você leu certo, uma limusine rosa. Ok, eu concordo que todo autor tem a liberdade e o direito de criar o seu próprio mundo (Stephenie Meyer criou o seu próprio mito de vampiros purpurinados que brilham no sol, Lewis colocou um portal mágico para o incrível mundo de Nárnia dentro de um guarda-roupa, sem falar é claro, do fantástico e surreal País das Maravilhas de Lewis Carroll), só que infelizmente todo o cenário de Hades não me convenceu.
O segundo volume da série começa com uma festa de Halloween, onde Molly e outras amigas da nossa protagonista decidem fazer uma sessão espírita, Beth mesmo não achando uma boa ideia, acaba cedente e se juntando a brincadeira. O que ninguém podia imaginar é que isso era o suficiente para abrir um portal e trazer Jake Thorn mais uma vez a Venus Cove. Jake se aproveita da inocência (que nessa altura do campeonato eu já estou chamando de burrice) de Bethany e a arrasta para o inferno na garupa de sua moto, onde Beth descobre que Jake não é um demônio qualquer, mas sim, um dos anjos originais que caíram junto com Lúcifer, o que faz dele um príncipe e que ele está disposto a transformar Bethany em sua rainha.
E é aí que você deve pensar: “nossa, esse livro tem muito mais ação que o primeiro”, e a resposta é não, porque mesmo com possibilidades infinitas de criar uma história cheia de reviravoltas, o livro se torna maçante já que a Beth não para de choramingar pelos cantos enquanto espera que alguém vá salvá-la. Bethany também parece estar menos sagaz do que nunca, aparentemente ela é incapaz de aprender com os próprios erros, inúmeras são as vezes que o excesso de confiança nos outros a deixou em maus lençóis. Em Halo isso até que não me incomodou, mas depois de ser levada para o inferno e conviver com vários demônios, acho que não ia doer ser um pouquinho mais perspicaz, né? Aliás, a protagonista não foi à única que me irritou, Molly tem algumas atitudes tão infantis, que me fizeram querer dar alguns tapas nela.
As coisas começam a esquentar lá pela página 250, que é quando Lúcifer entra na história – o que rendeu algumas risadas – porém o gancho não é bom e o ritmo continua lento, o que faz que um livro de 336 páginas que poderia ter sido lido em poucas horas, se arraste por quase duas semanas. No fim das contas, a autora enrola, enrola e enrola mais um pouco e joga uma bomba nas últimas duas linhas que deixa o leitor com um enorme ponto de interrogação.
Hades, aparentemente – assim como o primeiro volume da série – divide opiniões, aconselho a cada um ler e tirar suas próprias conclusões, porém não sem antes avisar que corre o risco de se decepcionar profundamente.
3 Nyans para o livro
Resenha por Vanessa Freitas